segunda-feira, 11 de julho de 2016





tua memória não afaga, mas causa um prurido incômodo e a pele de repente fica desconfortável cobrindo os ossos. a alma esmorece, esfumaça e perde a cor. o nariz inspira dentro d'água e o pulmão se enche de lama, afoga-se em goles terrosos de um passado que volta a doer. o tilintar de copos ecoa ao fundo, abafado por risadas, choros e soluços. e não tem nada que amorteça a dor de viver, a não ser o sono, de morte. paz de cemitério. a beleza do que vive em meio a morte, do que ainda floresce das entranhas e restos do que foi e não tem mais razão de ser. e o que sobra é só o resto de nós. mas o resto é pouco, e pouco não basta. 


Foto: Cemitério Municipal São Pedro - São Paulo (SP)
21/03/2014 

domingo, 11 de outubro de 2015

stay


i love when you stay by my side
even when you hate me
that's when i see how much you love me
i still can smeel your deodorant
i still can see all your clothes
taking over all my bed
i still can hear your low voice
cleaning your throaht in the morning
and the best moments i lived
were those i thought you could be with me
even when you hate me
'cause love someone
when it's all flowers is actually pretty easy
and that's why i need your skin
clinged to mine
so i can hear your breath
and hear some angry word
although you never want to talk
that's ok
i'm trying to deal with it
just stay by my side, babe
and
somehow
at one point
we'll be ok
and love each other
as we always are capable of
but i wish that
one day
i would not have to ask you
to stay.


segunda-feira, 20 de julho de 2015

waking up  or dreaming?




se pudesse escolher
escolheria um apartamento pequeno
feito de pequenas memórias
bagunças minhas
e organizações suas
de paredes coloridas
menos rosas e amarelas
porque não combina com a gente
um guarda-sapatos com madeira de caixas de uva
e um porta-retrato feito por mim
com algum material das minhas caixinhas de arte
pra colocar aquelas fotos estranhas
que você tira da gente
mas antes de se perder nas minhas tralhas
queria fazer-te perder em meio aos nossos lençóis
e não haveria para onde ir depois que brigássemos
senão para nossos próprios braços
acordar e olhar sua feição pela manhã
que tanto acalenta meus medos e inseguranças
esperando que eu possa fazer o mesmo por você
– mesmo ante tantas delas 
tempo com a gente parece ser algo sempre bem subjetivo
e sei que tenho minhas ânsias e urgências
mas quero te esperar
porque alguma coisa diferente cresceu aqui
e não sei bem o que faria se deixasse de estar
a cortina da sala está aberta
o sol bate na nossa cara
e ilumina seu rosto 
seu sorriso inocente
e penso que não queria estar em lugar nenhum
senão aqui com você
até que o dia amanheça
e eu possa estar mais uma vez ao seu lado.



ao som de somerset ~ by dowsing 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

closed windows

escrevi uma carta
e por algum motivo
nunca te mandei
guardei comigo
e recitei fragmentos 
em meio a conversas fúteis
e assuntos irrelevantes
será que você chegou a reparar?
entrei nesse jogo infantil
de querer me fazer entender
da maneira mais difícil
e eis que me deparo
com minha constante contradição
de algo que demando
e que no momento
me recuso a lhe entregar
- por ressentimento?
num movimento canibalístico
de comer os próprios dedos
me ponho a questionar
se sou eu quem deveria ceder
se a reciprocidade deveria ser da mesma natureza
se a atitude passiva é o bastante
se o toque vale mais palavras
muito se diz das palavras não darem conta
do que o sentimento diz
mas nunca se pensa o contrário
quando ações não acalentam tanto
quanto letras postas juntas
desse poder que elas têm
de publicar o que é privado
de fazer uso dessa ponte que existe
entre ouvido e coração
não rasguei a carta
lembro cada frase que lhe escrevi
lembro cada vez que lhe disse o conteúdo dela
e cada vez que me contive
- quantas vezes! - 
por qual motivo?
não saberia dizer 
sem soar como uma criança emburrada
insatisfeita
que acha que o mundo
gira em volta dela
marcas de cerveja no papel de carta
palavras escapam de vez em quando
um egocentrismo velado
de pensar que é dever do outro
ser como espero
num movimento de não seguir os próprios conselhos
varre-se tudo pra debaixo do tapete
e quando penso em expor isso tudo
você faz meu chão cair
faz-me ver o que não sai da tua boca
ainda assim
insisto
que troque os órgãos do sentido
vez ou outra
se possível.

quarta-feira, 6 de maio de 2015



























"And another one bites the dust
Oh why can I not conquer love
And I might have thought that we were one
Wanted to fight this war without weapons
And I wanted it I wanted it bad
But there were so many red flags
Now another one bites the dust
Yeah let's be clear I'll trust no one

You did not break me
I'm still fighting for peace

I've got a thick skin and an elastic heart
But your blade it might be too sharp
I'm like a rubberband until you pull too hard
I may snap and I move fast

But you won't see me fall apart
'Cause I've got an elastic heart

I've got an elastic heart
Yeah, I've got an elastic heart

And I will stay up through the night
Yeah, let's be clear won't close my eyes
And I know that I can survive
I'll walk through fire to save my life
And I want it I want my life so bad
I'm doing everything I can
Then another one bites the dust
It's hard to lose a chosen one

You did not break me (you did not break me, no)
I'm still fighting for peace

I've got a thick skin and an elastic heart
But your blade it might be too sharp
I'm like a rubberband until you pull too hard
I may snap and I move fast

But you won't see me fall apart
'Cause I've got an elastic heart

I've got a thick skin and an elastic heart
But your blade it might be too sharp
I'm like a rubberband until you pull too hard
I may snap and I move fast

But you won't see me fall apart
'Cause I've got an elastic heart
I've got a thick skin and an elastic heart
But your blade it might be too sharp
I'm like a rubberband until you pull too hard
I may snap and I move fast

But you won't see me fall apart
'Cause I've got an elastic heart
I've got an elastic heart"

~ elastic heart, by sia ~

domingo, 19 de abril de 2015


lips. by jestesmojakokaina

everyday since always

i miss the sound of your voice
the way you talk
the rythm you say what you wanna say
babe, let's run away from this
let's run away from reality
we're too bored
and fucked up
but it doesn't matter
tomorrow's another day
and i'll find another you.
falling in love with every stranger on the streets
dreaming about that boy's laughter
or that girl's lips
sweet nobody
with that blond hair
and beautiful teeth
i wanna suck that smoke out of your mouth
and make you groan gently in my ears
girl, kiss me hard 'till i forget what i was saying

where was i after all?


~ ao som de feeling of love, by best coast ~

quinta-feira, 16 de abril de 2015

sem poesia. só gozo.


meus dedos cheiram gozo
orgasmos seguidos
uns dos outros
com tão pouco significado
nem fantasiar é possível
pois que não há enamoramento algum
não há tesão em corpo algum
e se tento pensar em alguém
parece que só raiva me toma conta
(raiva do quê?)
me entrego a esse autoerotismo
enquanto ponho meus próprios dedos na boca
e me delicio com isso que só eu me proporciono agora
com esses gemidos que só eu posso ouvir

e quando é que vou me bastar
em algum outro sentido?
se é que consigo 
em sentido algum?